sábado, 26 de julho de 2014

A Terra Prometida



Mais uma vez o conflito entre Israel e Palestina toma conta do noticiário. A desavença, que já foi apropriadamente chamada de conflito Árabe/Israelense, incita opiniões e conclusões por vezes superficiais ou motivadas por paixões que se distanciam da racionalidade. Dizer simplesmente qual dos lados é o certo e qual é o errado, sem compreender as razões que representaram o estopim destas tragédias, seria no mínimo precipitação. 
De modo breve, proponho aqui uma síntese dos episódios históricos (ou alguns deles) que fizeram manusear a fieira fática que explica, sem justificar, a questão naquele território árido no Oriente Médio:

- No final dos anos 40, precisamente no pós guerra, em Assembleia das Nações Unidas presidida pelo diplomata brasileiro Oswaldo Aranha, aprovou-se proposta de partilha da colônia britânica onde hoje se concentram os conflitos em dois estados: um estado judeu e outro estado árabe, Israel e Palestina respectivamente. A justificativa unânime era de que não se poderia mais correr-se o risco de uma nação abrigar novo holocausto, e para tanto urgia a necessidade recolocar o povo judeu nas terras de onde foram expulsos repetidas vezes na história.
- Enquanto os judeus, que já contavam com uma estrutura de instituições estatais na Agência Judaica, aceitaram a proposta e proclamaram a independência de Israel em maio de 1948, os palestinos, representados pelo Alto Comitê Árabe, rejeitaram a ideia, afirmando ainda que "afogariam Israel em um rio de sangue", ou iriam "empurrar os judeus ao mar". A guerra então instalou-se, e por mais frio ou indiferente que possa soar, guerra é guerra, e nela os israelenses resistiram, e pior, já avançaram em territórios demarcados para a Palestina.
- No início dos anos 50 houve outra tentativa de tirar os judeus de Israel por meio da força, e mais uma vez os árabes foram derrotados, e um pouco mais da Palestina teve suas fronteiras alteradas em favor de Israel.
- Em 1967, nações árabes capitaneadas pelo Egito lançaram poderoso ataque sobre Israel no feriado do Yom Kippur (Dia do Perdão, o mais sagrado para o judaísmo). Os árabes não esperavam a rápida e eficiente resposta israelense, que abateu a maioria dos caças egípcios em solo, contra-atacou ferozmente por terra, avançou ao sul do Líbano e ainda tomou do Egito a região do Sinai, no que ficou conhecida como A Guerra dos Seis Dias.
- Em um tratado de paz ocorrido em fins dos anos 70, em Camp David nos EUA, Israel restabelece relações com o Egito, e devolve à esta nação o Sinai.
- Depois, nos anos 90 e início do novo milênio novas tentativas de paz fracassaram, muito pela ação de extremistas fanáticos de ambos os lados, e de ações terroristas que nunca se justificam.

Região anterior a 1946 e suas modificações

Disto tudo, hoje vemos este terrível cenário se repetindo a cada dois ou três anos de forma periódica. Os Palestinos afirmar serem oprimidos por Israel, repudiam ocupações em suas áreas por colonos judeus, partem para ações terroristas e lançam foguetes sobre Israel, que dispõe de avançado sistema de defesa aérea, o que impede que estes ataques alcancem seus cidadão. Em resposta, Israel bombardeia Gaza, atingindo também alvos civis, como escolas, hospitais e mesquitas, alegando que neles, grupos extremistas de terroristas árabes, como o Hamas e o Fatah escondem armamentos e munições.

Não adianta mais saber quem começou tudo isto, quem deu o primeiro tiro ou quem não quer parar.
Na guerra, em sendo guerra, nada faz sentido.

Em Israel só não há centenas ou milhares de vítimas em razão da avançada tecnologia de defesa desenvolvida pelos judeus, e de outro lado, em Gaza há devastação e mortes justamente porque Israel, em nome do direito de se defender, utiliza seu poderosíssimo exército para repelir os ímpetos do Hamas.
Talvez, quando os árabes conseguirem também fazer elevar o número de vítimas em Israel, deixe transparecer a ideia de que o jogo está equilibrado.

Não há vestígios de paz em breve. Apenas um cessar fogo temporário, prólogo de outra guerra.

Ou talvez, a racionalidade de todos possa sugerir a paz possível no futuro, que no presente parece ainda distante e longo. Tão distante e longo quanto os quase 4000 anos de lutas que de certa forma unem estes povos, distanciados por algo que eles mesmos parecem não saber exatamente o que é.

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