terça-feira, 21 de junho de 2011

É INVERNO

(Imagem no Parque das Crianças - Guarapuava/PR)

É hoje. Começa o inverno. Ao contrário do pensamento comum, não resume-se apenas à fenômenos climáticos. Estes não são a causa, mas sim os efeitos. Tem sim profundas ligações com a astronomia. O alinhamento de certas constelações aliado ao posicionamento do nosso planeta e sua distância em relação ao Sol, é a causa de tudo. Então, aqui no topo da Serra da Esperança, sopram (e como sopram) ventos gelados e contínuos, destes de cortar a alma do vivente, que dão o tom exato da estação. E quando a umidade relativa do ar aumenta, microscópicas gotículas dão densidade
ainda mais presente em pequenas garoas, capazes de se transformarem em pequeninas nevadas que logo se dissipam, justamente levadas pelo vento.

Parque do Lago - Guarapuava. Inverno de 2013

Confesso que já fui mais amigo do inverno, ou ele já foi mais compreensivo comigo. Mas reconheço que o inverno, ao meu ver, é a mais peculiar das estações. Na nossa cidade, ainda mais. Guarapuava e inverno formam uma dupla e tanto! Sempre digo, que aqui o calor faz pouco sentido. Afinal de contas, estamos no cume de uma serra, rodeados de montanhas, e as praias mais próximas estão a alguns bons trezentos quilômetros de nós. E os cenários? Estes sim! Via de regra, os cenários são emoldurados por matizes em griz escurecido de nuvens, que dão a impressão de estarem sempre carregadas e prontas para desabarem em aguaçais sobre nossas cabeças. É o que legitimamente chamamos de "tempo feio". No geral, os cenários atestam e confirmam minha tese. As geadas, no más das vezes, são aquelas "das pretas", no dito campesino que para dramatizar ainda mais a sensação do clima, transfigura no breu a alvura do sereno congelado pelo frio. Casas, novas ou velhas, com o fumegar das lareiras ou mesmo das raras chaminés, denunciam que o fogo ardente de seus interiores acalenta famílias inteiras ao sabor de pinhões sapecados, acompanhados de bebida quente, ou ainda, do sempre bem vindo chimarrão, em rodas de amigos ou mesmo na introspecção dos mateadores solitários. É o frio que chega, bem vindo ou não, e para o bem ou para o mal, por via das dúvidas, poncho de baêta e canha com mel. Afinal, é inverno.
    Manhãs paranaenses...

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Bebeu Água da Serra...



Quem vive em Guarapuava certamente já ouviu o dito "quem bebe água da serra sempre volta". A Serra em questão, é uma elevação escarpada, conhecida como serra geral, e que por aqui foi batizada de Serra da Esperança. Moldura de paisagens sem igual, recanto de uma variada gama da biodiversividade em seu explendor livre e natural, serve de sustentáculo para o terceiro planalto paranaense, e nos seus campos elevados está a Terra de Guairacá. Guarapuava, que do topo da Serra da Esperança contempla a mansidão da última fronteira do chamado "Paraná Tradicional", tem o bom estigma de magnetizar seus filhos, ao ponto de dar vida ao velho ditado acima destacado. Uma vez, ainda quando das lidas no Movimento Tradicionalista, escrevia muito sobre nossa Guarapuava, e andejávamos, juntamente com os companheiros do glorioso e genuíno Grupo Procedência - Danças Tradicionais e Folclóricas, pelos mais distantes rincões do Brasil Grande decantando orgulhosamente as belezas do nosso torrão natal. Um verso, em particular, dizia: "Lobo bravo em Guarany/Rei da Serra da Esperança/Foi também pra Guarapuava/Tomar par para esta dança." Fato é que, como em outros tempos, após passar uma boa temporada fora, em razão de compromissos profissionais, acabo de regressar para Guarapuava. Não lembro de ter bebido água ali da serra, mas o fato é que voltei. O fato é que sempre volto.

Vista do Morro do Chapéu na Serra da Esperança - Guarapuava/PR