terça-feira, 20 de outubro de 2015

CRISE


Um dos vocábulos mais entonados nos últimos meses tem sido "crise". 
Desde os noticiários de maior abrangência até em pequenas rodas de amigos, sempre tem uma crise no assunto.

Mas o que é realmente uma crise? Primeiro, conceituemos o significado de crise: com base sintética do que encontramos nos principais dicionários, crise seria "mudança brusca ou alteração importante no desenvolvimento de qualquer ato, evento ou acontecimento."


Então é possível concluir que em se vivendo uma crise, se ao final dela nada mudar, significa dizer que não vivemos uma crise? Sim!!! Ou seja, quando você ouvir lamúrias da sua amiga sobre a crise que ela está passando com o novo namorado, ou ainda, a cunhada vier aos choramingos dizer que o casamento com seu irmão está em crise, desconfie. A menos que a tal crise promova ao final mudanças significativas e profundas, até mesmo rompimentos, terá sido de fato crise.

Tem uma definição que eu costumava usar em minhas falas sobre crise que considero ótima. Dizia eu que crise é uma sucessão de fatos capazes de pronunciar a morte de um período para o nascimento de outro. É bom ressaltar, que da crise não resultará necessariamente um período melhor daquele anterior dela.

Teóricos de diferentes áreas, costumam referir-se a grafologia chinesa para citar as crises, pois em chinês, a palavra que define crise é expressa em dois símbolos, um significa perigo e outro oportunidade.
Sim. Crise também pode ser sinônimo de oportunidade.

Um bom exemplo do que é crise é a questão do Oriente Médio, onde árabes e judeus vivem em constante conflito, repetidos rompimentos e contínua desavença. De tempos em tempos surge a calmaria e até a paz, mesmo que temporária. Então, vivencia-se a crise e também seus resultados.

E você, a quantas andam suas crises? Crise amorosa, crise dos trinta (ou quarenta), crise de consciência e claro, crise financeira.

Digo por mim, tenho minhas crises, e são muitas. Há a alternativa de simplesmente ignorá-las, mas eu prefiro vivê-las, e assim ter a compreensão de que são são momentos, fases temporárias, mais curtas ou mais longas, porém inevitáveis para o surgimento de um novo período, novo tempo, que também no futuro encontrará outra e mais outra crise e, como tudo que é da vida, é passageiro.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Como é o curso de Direito nos EUA

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Em julho de 2008, recebemos a notícia de que havíamos sido aprovados no Programa de Mobilidade Discente Internacional do Departamento de Relações Internacionais da Universidade Federal de Minas Gerais para cursar o segundo semestre de 2009 na University of Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos da América.

Ficamos extremamente felizes, mas, ao mesmo tempo, receosos de como seria estudar em uma universidade em outro país, cujo sistema jurídico é tão diverso do nosso. Por se tratar de um país adepto do Common Law, optamos por cursar disciplinas relacionadas ao Direito Internacional, além de Direito Americano.

O meio acadêmico nos Estados Unidos é extremamente diferente do brasileiro: a faculdade, os professores, os alunos, o estilo das aulas, as formas de ensino e aprendizado, os métodos avaliativos e por aí em diante…

Vejamos:

Primeiramente, vale ressaltar que o curso de Direito é uma pós-graduação (chamada de graduation). Em outras palavras, é necessário ter um diploma de um curso de 4 anos (undergraduation) para ingressar na faculdade de Direito. O curso de Direito dura, em média, 3 anos e, a partir do 2 ano, a grade curricular é montada pelo próprio aluno.

Os professores - que, quase à unanimidade, não desempenham outra atividade que não a do magistério - sempre enviam, alguns dias antes do início das aulas, e-mails, para todos os alunos matriculados na disciplina, com o cronograma do curso (o syllabus), contendo todas as tarefas e leituras referentes a cada aula do semestre.

É obrigatório que todos os alunos leiam todo o material indicado para cada dia de aula; uma leitura bastante extensa, incluindo, muitas vezes, vários capítulos de um livro. O syllabus contem tarefas, inclusive, para o primeiro dia de aula. Por isso, uma semana antes das aulas começarem, a biblioteca fica repleta de alunos cumprindo suas respectivas tarefas agendadas para o primeiro dia.

O material didático é composto de Casebooks, isto é, livros com pouca explicação da matéria e muitos casos. O alunos aprendem sempre com base em casos, pois o ensino jurídico americano é muito voltado para o caso concreto e o Direito na prática.

O ensino nas faculdades de Direito norte-americanas se baseia no método socrático, ou seja, os professores tendem a responder às perguntas dos alunos sempre com outra pergunta, estimulando a discussão e o debate, de modo a construírem, professor e aluno, o conhecimento juntos.

Diz-se que, nas salas de aula americanas, o professor e os alunos se encontram em pé de igualdade, ambos buscando aprender. Os alunos são constantemente incentivados a questionarem e a participação é sempre considerada na hora da pontuação.

Logo, as aulas de Direito nunca são expositivas, mas sempre discursivas. O professor ministra sua aula dirigindo perguntas aos alunos, as quais devem ser respondidas com base na leitura prévia. Por essa razão, as turmas são, em sua maioria, bem reduzidas (cursamos uma matéria, por exemplo, na qual somente 10 pessoas estavam matriculados).

Outra discrepância com o nosso sistema são os métodos avaliativos. Em primeiro lugar, as notas são dadas quase sempre em curva. Isso significa que a nota de cada aluno é atribuída em comparação com a do colega. Via de regra, somente 10% da classe pode obter conceito A, 25% B, 35% C, 30% D, alguns poucos sendo reprovados.

Tal sistema proporciona uma forte competição entre os alunos. Cada um estuda com seus próprios materiais e ninguém empresta anotações, resumos ou similares, vez que, se um aluno ajudar o outro, estará se prejudicando.

Por fim, os alunos recebem suas notas contendo a posição na qual eles se encontram perante o restante da turma, ou seja, suas colocações em um ranking de melhores alunos. Isto é de extrema importância para os alunos de Direto, pois os grandes escritórios valorizam boas notas e contratam apenas os mais bem conceituados.

Os professores tem total liberdade para escolher como os pontos do semestre serão distribuídos. Alguns optam pela elaboração de artigos, outros mesclam artigos e provas escritas e ainda tem aqueles que decidem aplicar somente uma prova ao final do semestre.

Em função do próprio sistema jurídico norte-americano, os professores não levam em conta, na hora da avaliação, se o aluno decorou cada trecho do livro ou se gravou cada palavra dita em sala de aula. O relevante é que as respostas às questões nas provas e o raciocínio apresentado nos artigos sejam capazes de convencer o professor.

O que se busca desenvolver e aperfeiçoar é sempre a persuasão. Os alunos de Direito estadunidenses são treinados a ganharem casos, o que é feito provando ser seu argumento o melhor e destruindo o argumento adversário.

Finalmente, um aspecto que nos marcou é a estrutura fornecida pela universidade, principalmente para pesquisa. Existem 56 bibliotecas no campus, sendo muitas delas 24 horas. As bibliotecas são equipadas com máquinas de xerox e scanners, cafeteria, computadores, máquinas de refrigerante e salgadinhos, sofás... Enfim, tudo o que o aluno possa precisar.

Além do vastíssimo banco de dados da própria universidade (para se ter uma idéia, é possível ler a Folha de São Paulo através do site da biblioteca, dentre outros milhares de jornais, revistas e artigos de toda parte do globo), existe ainda um convênio celebrado entre a University of Wisconsin-Madison e diversas outras universidades do mundo (inclusive a USP), por meio do qual o aluno pode encomendar, via internet, um livro que se encontra em outra biblioteca (no Brasil, na Europa, etc.) sem qualquer custo adicional.

Ademais, não há limite máximo de livros por aluno e as bibliotecas emprestam, além de livros, é claro, DVDs, jogos de video game e, até mesmo, notebooks e carregadores, tudo com a simples apresentação da carteira da biblioteca. Por último, existem equipes espalhadas pelo campus para auxiliar os alunos na elaboração de artigos e resolução de exercícios, corrigindo e dando dicas".

*** FONTE:
http://videdireito.blogspot.com.br/2010/05/universidade-de-direito-nos-eua-uma.html