quinta-feira, 5 de junho de 2014

Meu amigo, o Mate


Na trempe, a tríade: cuia, bomba e chaleira


O chimarrão está em meio às rodas de amigos por todo o Brasil, e em outros países meridionais das Américas. Aqui no Brasil se faz presente de forma muito mais constante na Região Sul, porém encontramos mateadores espalhados por praticamente todos os estados.

Para nós o chimarrão, ou simplesmente "mate", é um elemento indispensável ao cotidiano.
Deixa de ser algo meramente complementar para tornar-se materialmente a própria extensão de nós mesmos.
Basta recebermos um amigo ou familiar em casa para que a roda esteja formada em torno de uma cuia porongueira, que ao passar de mão em mão, revigora um dos valores mais importantes deste ato, que é o de retemperar o convívio e a amizade.

Existem também muitos, que como eu, não necessitam da presença de mais ninguém para motivar a preparação de um bom chimarrão. O mate em si é esta motivação.
Estes degustadores solitários expressam de fato a figura dos verdadeiros mateadores.

E o processo de iniciar um bom mate então? Fazer o chimarrão, não é simplesmente esquentar água e derramá-la sobre um punhado de erva acomodado na cuia. Não meus amigos e amigas, vai muito além. Fazer um chimarrão sem um mínimo de cuidado é o mesmo que desdenhar cada um dos valores contidos neste hábito salutar. É praticamente uma heresia! 

Seria esquecer, além dos aspectos sociais das rodadas chimarronas, que o mate é um alimento com muitas propriedades nutritivas presentes na erva, e que ali verifica-se um agente hidratante do organismo e poderoso aliado do aparelho digestivo. Quando sorvido envolto na quietude do mate solito, induz o mateador à imersão ensimesmado em memórias, planos e saudades. 

Introspectivo por excelência, nos encoraja a repassar a própria vida em cada beijo que se dá no bocal da bomba, parceira da tríade dos mates.


A cevadura portanto, requer uma ritualística desenvolvida e aprimorada através do tempo. Fazer desandar o mate madrugador, para mim, é prenúncio de dia ruim, mau agouro na certa. Assim, há que se tratar o assunto com zelo e respeito, o mesmo que se oferece nos diálogos entre bons e velhos amigos.

Isto sim! Um amigo é o que o mate é.

Então deixo aqui registrado esta impressão definitiva que tenho para com o mate, de que nele encontro, em todas as manhãs, um bom amigo. Ouvinte atento e conselheiro dissipador das muitas dúvidas que teimam em permear minha mente.

Agora, se me dão licença, vou ali me ajustar no recanto do espaço para principiar outra prosa das boas com este meu velho amigo, o mate chimarrão.