terça-feira, 29 de setembro de 2015

Saber recuar é maestria

Cavalo de Tróia: símbolo do recuo estratégico

O problema que todos enfrentamos na estratégia, e na vida, é que cada um de nós é único, com personalidade e características únicas, e nossas circunstâncias também são únicas, e nunca se repetem por completo. Mas muitas vezes deixamos de nos conhecer realmente, e assim não vemos os acontecimentos pelo que eles são de fato.

Como estrategista, nossa função é relativamente simples: ver as diferenças entre nós mesmos e as outras pessoas, conhecer a nós mesmos e nossos inimigos, para só então ter uma melhor perspectiva do que está realmente acontecendo, e não do que acreditamos estar acontecendo.

No turbilhão dos fatos, isto não é fácil, e na maioria das vezes só será possível tal percepção se soubermos quando e como recuar.
Se você estiver sempre avançando, no ataque, reagindo emocionalmente ao que as pessoas fazem, não haverá tempo para ganhar perspectiva, e suas estratégias serão fracas e mecânicas, e como um macaco ou papagaio, apenas estará repetindo, imitando ao invés de criar.
Recuar é algo que você deve fazer de vez em quando, para se encontrar e se desligar de influências contagiosas. 

Simbolicamente, o recolhimento é religioso, ou mitológico. 
O Cavalo de Tróia simboliza bem um recuo estratégico.
Jesus Cristo se recolheu no deserto quarenta dias para compreender seu demônios, Maomé retirou-se desonradamente de Meca para um período de recolhimento antes de vencer os bizantinos, e caso Moisés não tivesse fugido do Egito hoje o povo judeu seria apenas nota de roda pé nas páginas da história.
Moisés guia os Hebreus em fuga

A essência do recolhimento é a recusa de combater o inimigo de qualquer maneira, seja psicológica ou fisicamente. É uma estratégia positiva, pois ao recusar combater os inimigos, você pode, na verdade, enfurecê-los pelo ódio em não poder combaterem você, e desequilibrá-los pela pelas dúvidas que você incitará em seu pensamentos.
Outro efeito em seus inimigos a partir de seu recuo é inflar a arrogância deles, ao fazê-los pensar que já venceram.
Tenhamos em mente que, não raramente, o inimigo pode estar em nossa própria trincheira.

O combate a longo prazo exigirá, via de regra, um recuo temporário, e a vantagem de optar onde, como e quando combater, representa tempo, e o tempo é seu maior e mais valoroso bem.
Desperdiçar seu tempo em batalhas que já não são mais de sua escolha é muito mais que um simples erro, é estupidez do mais alto nível. Tempo perdido não pode jamais ser recuperado.

Fonte: Livro "33 Estratégias de Guerra", de Robert Greene

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