quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Elege-se o Deputado, e ele passa para suplente

Me responda: Você votou para um candidato ser o seu representante no Congresso, mas quem vai representá-lo é um suplente que você não sabe sequer o nome, tampouco quais os temas em que ele oferece maior atenção, nem qual região do seu estado ele defenderá???
Na atual legislatura, que foi empossada no início deste mês, cerca de 8% dos deputados eleitos já se licenciaram do cargo em troca de outro no poder Executivo, da União ou dos seus estados. Até agora, já foram 42 personagens que, ao invés de honrarem a confiança que lhes fora depositada, não raramente com expressivas votações, por vezes motivadas por apelos de entidades locais que alertavam para o perigo de não se eleger deputados locais, da cidade, preferiram passar o bastão para o suplente, aquele em que você não votou, portanto não outorgou-lhe procuração para que ele o represente.
Segundo o cientista político e professor da Fundação Getúlio Vargas, Marco Antonio Teixeira, estes atos alimentam ainda mais a péssima reputação da classe política nacional. "Isto fragiliza ainda mais a atividade parlamentar ao mostrar que o que se prioriza é chegar ao Executivo, que talvez a atividade parlamentar seja mera ponte." Ele ainda aponta que a mudança é vantajosa para o político, que no executivo passa a ter a "caneta cheia" e "o processo decisório nas mãos" e conclui: "O resultado é que o eleito vai ter mais instrumentos para fortalecer vínculos e ampliar a base eleitoral, além de se aproximar do poder econômico e aumentar sua influência partidária." Como se vê, bom para ele.
Sem contar que a negociata favorece também a nomeação dos correligionários para que possam mamar de forma mais aconchegante, nas mamas da barrosa.
Por aqui, na gloriosa Terra de Guairacá não foi diferente. Atendendo aos apelos de entidades de classe da nossa cidade, um candidato abocanhou mais de 50.000 votinhos dos guarapuavanos e mesmo assim, não pensou duas vezes em deixar os incrédulos a ver navios, aceitando, sem contrariedade um carguinho, dos bons, no Governo do Paraná.
Sabia-se desde sempre que isto ocorreria. Mais fácil seria, para todos, especialmente para o eleitorado, se o candidato e as entidades que lhe apoiaram tivessem saído pedindo votos para o suplente.
Pelo menos assim, ninguém enganaria ninguém.

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